O SALÃO DO AGORA, AQUI

O XI Salão de Artes Visuais da Cidade do Natal vem à luz no rastro dos Embates Comunicativos “Des-caminhos da Arte” oxigenando idéias, reflexos e reflexões. Os critérios adotados para a seleção de 30 artistas/obras entre as 98 inscrições foram à diversidade de linguagem, a estética dos trabalhos e a consistência das propostas apontando caminhos escolhidos pela produção regional, e para os prêmios de aquisição foi estabelecido como critério a realização de um diálogo com a produção contemporânea, variedade de suportes e uma relação eficiente e coerente entre conceito e realização.

A curadoria deste salão parte da concepção, formatação e coordenação geral do Núcleo de Artes Plásticas da Fundação Cultural Capitania das Artes e da Comissão de Seleção das obras, cabendo a mim, a curatela da montagem das mesmas, ou seja: montar o Salão no salão de exposições da Capitania das Artes. Fazendo uso das palavras de Adriana Lopes, o objetivo maior dessa montagem é transformar o fluxo de informações em moeda de troca entre artistas e público, concebida como uma grande obra numa noção de rizoma, onde há somente linhas e trajetos, estados e coisas, entre diversas semiologias, longe de desdobramentos limitantes, que remeta necessariamente à outra coisa.

Minhas andanças pelo mundo e por meu quintal me ensinaram o Amor Mundi - a olhar com olhos apaixonados para meus semelhantes e dessemelhados, para o diferente, o comum, o distante, o aproximado, o outro.Partindo do jogo de palavras “d/entre, isto/s, in/corpore, inst/antes” como contra-ponto e convergências de espaço, objeto, corpo, tempo, criar uma disciplina aberta que oriente e instigue o olhar do visitante sem com isso restringi-lo a criar seus próprios percursos/chamamentos e ao mesmo tempo, fomentar a percepção da multiplicidade de estéticas da mostra. O salão convida à imersão no universo desses artistas, suas poéticas pessoais e construções imagéticas, estranhezas, encantamentos.

Das obras expostas, há dois segmentos predominantes, que são a fotografia e a assemblagem. A presença e legitimação da fotografia como arte em meio a outras técnicas e suportes, num mundo que ora, imagens transbordam por flogs, picasas, flickrs, e as em movimento por googlevideos e youtubes e em que ambientes virtuais é cada vez mais dominante, prevalece aqui, o olhar, a visão de cada criador. Vale ressaltar o vídeo “Aracê”, um dos premiados desse salão, que nasce da fotografia, do desenho, da vigia dos dias, da ação por animação como um dos pontos altos desta 11ª edição. As mais variadas linguagens, vozes e suportes estão representados nessa mostra e temos a "Espera do Tempo", como fotografia premiada, uma pintura – pois é, também a pintura não morreu, e os objetos, assemblagens, visualidades.Mais poderia se falar sobre cada obra, o que fica aqui, a importância e necessidade de um material educativo alargador de visões, a partir de um projeto pedagógico dentro das perspectivas de políticas culturais da Prefeitura do Natal e a proposta de que se promova e se estabeleça uma ação multidisciplinar de visitas comentadas com a curadoria, o Núcleo de Artes Plásticas da FUNCARTE e seus monitores, os artistas e o público, num trabalho que será bem-vindo, para todas as partes, como mediação entre instituição realizadora, artistas e visitantes, quiçá quinzenalmente durante o salão, o que amplia o sentido de valer à pena todo o nosso trabalho.

Montar o salão é uma manufatura. Eis aqui um fragmento do diário desta montagem: pintar frisos do espaço expositivo, receber obras, ligar para os artistas, documentar os passos, resolver abacaxis, laranjas, suportes, futuros, pepinos, dimensões, detalhes, furos; montar expositores, prosear com os artistas, recebê-los, tirar dúvidas, administrar egos – felizmente pouco inflados –, ser bicho-de-pé da assessoria de imprensa e da diagramação do catálogo, descobrir soluções no partilhar de problemas inerentes a uma mostra desse porte, contar com uma equipe ultramega-power mínima, mas comprometida, dedicada, interessante e interessada. Somos, Ricardo Veriano, Roberto Medeiros, Bruno Romenig, Aline Macedo, Julio Castro e eu, Civone Medeiros e também os "eventuais" colaboradores eventuais, e claro, ter Juruna é fundamental!

Com todos que passaram, estão e virão ao salão, temos tudo pra torná-lo especial. Sob e sobre todos os percursos e percalços, temos uma feliz conjunção de forças, mentes e corações. Está lançado o convite a olhar com olhos livres. Estão abertas à fruição das obras, as portas do salão. Entre!

Civone Medeiros
CURADORA do SALÃO de ARTES VISUAIS de NATAL/2007

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Alberto Giuliani
Foggia - Itália, 1947

Ribeira #2
Pintura Aquarela s/ Papel
40 x 50 cm



Alexandre Gurgel
Natal/RN, 1970

Pickles #1
Objeto
Recipiente de Vidro, Vaselina, Isqueiros, Tecido
40 x 25 x 17 cm



Alvaro Pereira
Natal/RN, 1961

Urbanicidade #1
Colagem
47 x 39 cm
(Tríptico)



Antonius Manso
Natal/RN, 1961

Mulher Rendeira
Fotografia Digital
30 x 40 cm

Avelino Pinheiro
Natal/RN, 1967

E as Nossas Crianças?
Objeto
Assemblagem
80 x 75 cm

Célia Albuquerque
Natal/RN, 1948

Herança II - Caleidoscópio
Objeto
Isopor e Espelhos
30 x 30 x 30 cm

Edison Braatz
Natal/RN, 1967

Caranguejo Dá em Árvore?
Objeto
Assemblagem
Acrílica s/ Tela e Papel Machê
80 x 110 cm

Enio Cavalcante
Natal/RN, 1983

Veias
Performance
15'

Flávio Freitas
Natal/RN, 1961

Arquitetura
Pintura
Nanquim e Guache s/ Papel
48 x 63 cm



Francisco Eduardo
Santa Cruz/RN, 1971


Vendi-ci Ece Baraco
Objeto
Nogueira s/ Madeira
95 x 125 cm



Gilvan Lopes
Assu/RN, 1960


Suburbano II - Lençol Vermelho
Objeto
Assemblagem
Tecido, Acrílica
26 x 25 cm


Goreth Caldas

Caicó/RN, 1958


Costura-se Para Fora #1
Objeto
Assemblagem
Aviamentos, Régua de Corte e Costura
57 x 21 cm



Ilkes Rosemir
Belém/PA, 1979

Mobilis Urbanus: Volubilidade I - Lazzudur
Objeto
Ready-made
35 x 24 x 24 cm



Itaitinga Badaró, Grupo
(Diego Andrade, Rita Machado e Vinicius Dantas)
Natal/RN 2007


Aracê
Vídeo
Frames do Vídeo
2'40"


Jean Lopes
Assu/RN, 1971

Janela e Outras Portas
Fotografia Digital
17 x 30 cm cada
(Tríptico)



Jean Sartief
Natal/RN, 1977


Do Silêncio Atrás da Pele #2
Fotografia Digital
50 X 60 cm


João Viannei
Natal/RN, 1965


Descanso ao Vento
Gravura
Água Tinta e Água Forte
9 x 18 cm



Julio Castro
Natal/RN, 1978

Recortes Urbanos
Fotografia Digital
Infogravura, Sobreposição
50 x 40 cm cada
(Tríptico)



Leandro Garcia
São Gonçalo do Amarante/RN, 1986


La Tristesse Durera Tourjours

Instalação
Cones de Trânsito, Fita Demarcadora, Envelope
2 x 1,5 x 1 m



Lenilton Lima
Japecanga/RN, 1968


Murutim #1 e #2
Fotografia Analógica
Manipulação Digital s/ Papel
50 x 75 cm cada


Marcelo Fernandes
Natal/RN, 1957


Totem #1
Objeto
Giz de Cera
43 cm x 11 cm/d



Max Pereira
Parnamirim/RN, 1971


Díptico III
Fotografia Digital
60 x 60 cm cada


Ricardo Régis
Juazeiro do Norte/CE, 1978


A Espera do Tempo
Fotografia Digital
30 x 20 cada em 2m²
(Políptico)



Rodrigo Bruggeman
São Paulo/SP, 1977


Din-Din por Din-Din
Instalação
Sacos de Din-Din, Água c/ Anilina, Nylon, Livro e Fotografia s/ Papel
1 x 2 x 2,5 m



Rodrigo Sena
Natal/RN, 1981


Roda Viva
Fotografia Digital
50 x 60 cm



Rosângela Melo
Fortaleza/CE, 1959


Gama
Infogravura
54 x 69 cm



Úrsula Damásio
Natal/RN, 1988


Marketing
Fotografia Digital
40 x 50 cm



Vilela
Ceará-Mirim/RN, 1962


Locutor
Objeto
Rádio-Gravador, Pincel e Colagem
33 x 14 cm



Vinicius Dantas
Natal/RN, 1988


O Grito
Desenho
Colagem, Manipulação Digital s/ Papel
118,8 x 42 cm
(Políptico)



Zé Frota
São Paulo/SP, 1965

S/ Título # 2
Fotografia Digital
25 x 80 cm